domingo, 14 de fevereiro de 2010

O desrespeito aos pequeninos

Indignação. Este é o sentimento que tomou conta de mim diante da matéria que foi comentada e assistida nos últimos três dias.
Por mais que enquanto educadora, eu já tenha ouvido e presenciado atitudes como as descritas, acredito que nunca estarei preparada para entender fatos como este.
Penso que mãe e educador têm sentimentos parecidos (me refiro ao educador que carrega em sua alma o amor pela educação). Como mãe senti um nó na garganta, um aperto no peito e os olhos cheios de lágrimas. Como educadora, além dos sentimentos de mãe, senti raiva, revolta, frustração, misturados com a previsão de impunição e reincidência, somados com a vergonha em admitir que o poder público ironicamente não tenha o poder de escolher seus funcionários. E nada faz para que isso mude.
Entender o que passa na cabeça de alguém ao torturar física e psicologicamente um ser indefeso, tornou-se uma questão que discutiremos por toda existência. Entender como pessoas desajustadas e desequilibradas como as professoras em questão, puderam passar despercebidas por todos, é algo inadmissível.
Como pessoas que estavam ali para zelar pela vida daquelas crianças, puderam ser tão inconsequentes e dissimuladas? Será que apenas um funcionário percebeu os maus tratos? Ou será que o que houve foi omissão em massa? E ainda com a denúncia, foi preciso que as crianças passassem por mais vinte dias de tortura, para que pudessem comprovar que de fato a mesma vinha de procedência fidedigna.
Crime. Crime é a palavra mais cabível aos atos cometidos pelas professoras. E todos sabem que para cada crime existe uma pena. Certo? Errado. Não posso aceitar que a demissão possa ser considerada uma pena. As crianças torturadas terão consequências para o resto da vida. As pessoas em questão, estão em suas casas neste momento desfrutando da liberdade. E mesmo quando o inquérito policial for concluído, quanto essas pessoas serão punidas?
O Código Penal Brasileiro em seu Art. 136 dispõe:
Maus-tratos
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
Ou seja, após o tempo de dois meses a um ano e mais um terço, ou pagamento de multa, essas pragas da educação estarão livres para serem admitidas na creche mais próxima. Seja pública ou privada. E farão tudo novamente, até mesmo pior. E ainda temos que escutar que, "Trata-se de pessoas indefesas, que não sabem reagir ou responder e às vezes não sabem nem transmitir à mãe o que está se passando."
Diante de uma frase como esta, quem estamos colocando no banco do réu? As professoras ou as crianças?
Segue matéria
Câmera de segurança flagra professoras agredindo crianças em creche
As câmeras foram colocadas nas salas depois da denúncia de um funcionário da própria creche. As aulas foram monitoradas 20 dias. As três professoras que aparecem nas imagens foram demitidas logo que a direção teve acesso à gravação. Outras seis professoras que são suspeitas de participar das agressões também foram demitidas. Dálice Ceron ouviu o depoimento de funcionárias da creche que alertaram a direção sobre o comportamento das professoras. As testemunhas não quiseram gravar entrevista, mas de acordo com a delegada, além de confirmar as denúncias de maus-tratos, elas acusaram outras duas professoras que não aparecem nas imagens. No depoimento, uma das funcionárias disse que presenciou várias agressões e afirmou que uma das professoras chegou a jogar uma criança no chão. As imagens foram enviadas ao Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil. O laudo já está pronto e confirma os maus-tratos contidos nas gravações, descreve o comportamento das professoras e conclui que as crianças atendidas na creche sofriam violência psicológica. O próximo passo da investigação será ouvir os pais das crianças que aparecem nas imagens. A secretaria da educação de Rio Preto informou que as creches que recebem verba da prefeitura são orientadas a contratar professores com o curso de magistério e que tenham habilidade em educação infantil. A secretaria informou ainda que ao tomar conhecimento das denúncias de maus-tratos providenciou a instalação das câmeras e pediu a demissão das professoras envolvidas. Nesta sexta-feira (12), preocupação e revolta, entre os pais. Aos poucos, eles levavam as crianças, algumas fantasiadas para participarem da festa de carnaval. Era difícil esconder a indignação depois de assistir às imagens que mostram os maus-tratos. E foi pela televisão que alguns pais identificaram os filhos nas imagens. Muitos pais que trabalham o dia todo não têm opção e precisam deixar os filhos na creche. Mesmo depois das demissões das nove professoras que estariam envolvidas nas denúncias, muitos pais estão preocupados e com medo. O que todos querem é punição dos responsáveis pelas agressões “Foi instaurado inquérito policial, estamos aguardando o laudo pericial, solicitei que as imagens fossem descritas e reveladas", disse a delegada Dalice Ceron. "Trata-se de pessoas indefesas, que não sabem reagir ou responder e às vezes não sabem nem transmitir à mãe o que está se passando."

Fonte:http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL1486494-5605,00-CAMERA+DE+SEGURANCA+FLAGRA+PROFESSORAS+AGREDINDO+CRIANCAS+EM+CRECHE.html

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